A Desaparição – algumas palavras

Y.A.: Você tem um título para o próximo livro?
M.D.: Sim, o livro a desaparecer.
Marguerite Duras, C’est tout

omo crianças, esconder-se, mostrar-se, um instante no palco, e no instante seguinte o mais distante de si mesmo.

O segundo que passa, o corpo a corpo de um minuto ao outro, é isso a dança. Talvez. Pesquisa do tempo para perder, para ganhar, para se deleitar.

Não ser uma única identidade, tornar-se naturezas efêmeras, semelhantes à existência.

Na China antiga, o desaparecimento não é outra coisa senão: não ser visível. Adeus à melancolia, isso dança.

Às vezes flutua esse perfume do tempo, lembrança, traço, memória que galopa. Frequentemente me pergunto se a dança não é rica do que ela abandona. Ela é ao mesmo tempo um luxo e uma vertigem.

Coisa estranha de se dançar.

São notas dispersas, o início dessa coisa destinada ao palco. Mas vem de longe…

Alguns trechos do livro As danças do tempo escrito em 2001:

Deixar este braço cair e que isso seja ao mesmo tempo insignificante e indispensável.

Nietzsche ao ouvido:
Saudação a quem cria novas danças,
Dancemos então de mil formas.
Que nossa arte seja dita livre.
E alegre o nosso saber.

Existem corpos dançantes inatingíveis, vivos, que propõem, se propõem, talvez cheguem apenas a isso: se propor.
Apenas um instantâneo.

Concepção e coreografia: Geisha Fontaine & Pierre Cottreau
Com: Geisha Fontaine
Com o apoio de: Região Île-de-France, Le 6b (Saint-Denis)

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